Prêmio Taste and Fly: confira os 10 melhores bares inaugurados em SP em 2016

Depois de muitos bares visitados nos últimos 12 meses, eis a shortlist das melhores novidades para beber e petiscar que apareceram em São Paulo em 2016. Confira a seguir os 10 vencedores e o destaque na categoria “melhor bom & barato”, uma novidade desta 2ª edição do prêmio “Taste and Fly”. Todos os vencedores receberão uma placa comemorativa.

guaritabardonos# Guarita Bar
Nomes conhecidos da cena gastronômica e etílica paulistana, o chef australiano Greigor Caisley (do 12 Burger & Bistro) e o bartender Jean Ponce (ex-D.O.M.) inauguraram em julho um dos bares mais falados da temporada: o Guarita, de nome que remete a uma guarita cravada há anos na esquina onde o bar está instalado, em Pinheiros. Conceitualmente, a casa propõe um casamento inusitado entre a informalidade de um boteco e drinques elaborados com maestria, credenciando-o entre os melhores bares de coquetéis da cidade. Ponce e sua equipe executam uma carta concisa e mutante de 12 coquetéis. Muitos deles são servidos em belos copos com aqueles gelões translúcidos cortados à mão, como o rabo de galo (26 reais), aqui preparado com cachaça Yaguara (blended e ouro), vermute tinto Carpano Classico e Cynar. Clássico de New Orleans, o vieux carré (29 reais) é uma potente combinação de bourbon, brandy (na receita original é conhaque), vermute tinto, licor Bénédictine, angostura e bitters Peychaud’s. Para comer, escolhas imperdíveis são o bolovo (9 reais) e as pizzas individuais preparadas com ótima massa de fermentação natural em forno a lenha.
Rua Simão Álvares, 952, Pinheiros, tel.: (11) 3360-3651.

ambar_editada# Ambar
QG dos bares especializados em chope artesanal em SP, a região de Pinheiros ganhou neste ano um dos endereços mais bacanas para degustar e aprender sobre cerveja na cidade. Com quinze torneiras, o bar Ambar tem como diferencial trabalhar apenas com rótulos de microcervejarias brasileiras. Na rotativa e sempre antenada oferta de chopes podem aparecer a nova (e deliciosa) juicy IPA Melonrise (18 reais; copo de 200 mililitros; foto), da cervejaria Trilha, e também criações das paulistas Dádiva, Mea Culpa, Dama, Dogma, Urbana. Burgman, Bamberg e Votus; das mineiras Backer e Zalaz; e da curitibana Bodebrown, entre outras. O bar acabou de trazer do Canadá uma supernovidade: um equipamento chamado crowler que permite envazar na hora, em latinhas personalizadas, qualquer um dos chopes disponíveis na casa. Paga-se 3 reais pela latinha mais o preço do chope escolhido para levá-lo para casa.
Rua Cunha Gago, 129, Pinheiros, tel.: 3031-1274.

ipo2# IPo Bar
Uma das melhores surpresas do ano, foi responsável por colocar a Vila Ipojuca (situada entre o Alto da Lapa e a Vila Romana) no radar dos paulistanos bons-de-copo. O bar de coquetéis foi criado por cinco ex-funcionários do Spot numa esquina de 400 metros quadrados e lembra um galpão descolado, com múltiplos ambientes. Os drinques são executados com capricho pelo barman Andrea Ambrosano Junior (também um dos sócios) e sua equipe. Atrás do bonito balcão de oito lugares eles mantêm uma geladeira só para resfriar os copos e moldam a mão os gelões usados em alguns coquetéis. A carta, com 23 combinações, é interessante. No time dos mais suaves, brilha o gold rush (24 reais), com bourbon, mel, suco de limão-siciliano e cereja fresca. Quem busca mais potência etílica encontra abrigo em clássicos como negroni (33 reais, com gim Tanqueray e vermute italiano Antica Formula) e o vieux carré (39 reais).
Rua Mota Pais, 32, Vila Ipojuca, tel.: 3853-6178.

negroni# Negroni
Inaugurado em maio em frente ao Pirajá, o endereço criado por Armando Amaré (do Zena Caffè) e Paulo Souza (do Nou) consolidou-se como um dos mais concorridos bares de coquetéis do Baixo Pinheiros. Destacam-se o ambiente caloroso, de atmosfera rústico-cool, e a carta de bebidas, que celebra o negroni (27 reais) e suas variações, como o boulevardier (mesmo preço), no qual o bourbon entra no lugar do gim. Os mais meticulosos podem escolher o gim (são 12 marcas) e o vermute tinto (seis sugestões) com que preferem o negroni. Os sócios chamaram o chef Rodrigo Felício (também consultor da premiada Carlos Pizza, na Vila Madalena) para desenvolver a ótima massa das pizzas de tamanho individual ao estilo napolitano. Uma das tentadoras coberturas é a que leva presunto cru e brie (34 reais).
Rua Padre Carvalho, 30, Pinheiros, tel.: (11) 2337-4855.

lejazzpetitbar# Le Jazz Petit Bar
Criado pelos mesmos donos da Le Jazz Brasserie, o liliputiano bar de coquetéis manteve-se em alta durante toda a temporada. Vizinho à matriz do Le Jazz, na Rua dos Pinheiros, encantou por sua atmosfera discreta, sedutora e boêmia. Mais bacana que ficar nas mesinhas da varanda é ocupar um dos 11 disputadíssimos lugares no balcão, emoldurado por um belo arsenal de garrafas de bebidas e cartazes lambe-lambe de temática jazzística. Filho do mestre das coqueteleiras Derivan Ferreira de Souza, Danty Monteiro assumiu as coqueteleiras no fim de abril. Entre as novidades introduzidas por ele está o refrescante gim tônica canário do reino (34 reais; foto), com Arapuru (primeiro london dry gim genuinamente brasileiro), fatias de caju, twist de limão-taiti e bitters de semente de coentro. O cardápio ganhou mais um tostex saboroso: com recheio língua bovina, chucrute de beterraba e queijo colby (22 reais).
Rua dos Pinheiros, 262, Pinheiros, tel.: (11) 2359-8141.

jamon_jamon# Jamón, Jamón
Madrilenho radicado em São Paulo, David López criou em março um boteco espanhol tão despretensioso como os das calles de Madri. De nome emprestado da comédia dramática Jamón, Jamón (1992) — que lançou Penélope Cruz no cinema —, a diminuta casa com mesas na calçada nasceu de forma meio improvisada e foi se aprimorando com o tempo. Por sua autêntica atmosfera espanhola, conquistou a simpatia de muitos conterrâneos de David e o espanhol é também língua oficial no pedaço. O próprio dono atende as mesas, com a ajuda de mais de dois garçons, Bebe-se ali caña (chope, em espanhol) da Estrella Galícia (9 reais; 250 mililitros), cervejaria de La Coruña e na qual David trabalhou na área comercial até outubro de 2014. Ampliado em agosto, o cardápio ganhou ótimos sanduíches preparados no pão ciabatta de fermentação natural da padaria orgânica Pão, nos Jardins. O mais arrebatador deles é o que leva jamón serrano, queijo manchego e tomate (35 reais).
Avenida Pedroso de Morais, 267, Pinheiros, tel.: (11) 99667-4256.

bardojiquitaia# Bar do Jiquitaia
Donos do festejado Jiquitaia, no Baixo Augusta, os irmãos Marcelo e Carolina Corrêa Bastos criaram no piso superior do restaurante um dos melhores reforços da cena coqueteleira paulistana em 2016. Inaugurado em maio, o pequenino e simpático Bar do Jiquitaia combina uma carta de drinques executada no capricho com ótimos petiscos assinados pelo chef-proprietário. Para quem gosta do sabor marcante dos vinhos fortificados, vale provar o jerezana (29 reais), inspirado num coquetel do bar londrino Happiness Forgets. Traz dois tipos de jerez espanhol (fino e oloroso) mais vermutes seco e tinto e um toque bem discreto xarope de cacau. Na mesma linha, também agrada o hanky panky (27 reais; foto), criado nas primeiras décadas no século XX no american bar do histórico hotel cinco-estrelas londrino The Savoy. Leva gim, vermute tinto, Fernet-Branca e bitters de laranja na taça coupe. Servido com um esfera de gelo, o negroni da casa (25 reais) também é de alta patente. Entre os bons tira-gostos para acompanhar estão o fininho e crocante chips de jiló (6 reais a porção) e a mini-alheira feita na casa servida com quiabos grelhados (19 reais).
Rua Antônio Carlos, 268 (piso superior), Baixo Augusta, tel.: (11) 3262-2366.

yorimichi4# Yorimichi Izakaya
Numa rua tranquila do Paraíso, este novo boteco japonês nasceu com pedigree. Foi inaugurado há três meses pelo sushiman Ken Mizumoto, que morou 10 anos no Japão e comanda o adorado japonês Shin-Zushi. O pequenino e autêntico izakaya dispõe de um convidativo balcão de 14 lugares equipado com aquela grelha japonesa a carvão estreita e retangular usada para preparar espetinhos. Duas sugestões imperdíveis são o butabara — tentador espetinho de pancetta (7 reais) pincelada com molho tarê — e o tsukune (7,50 reais; foto), que traz frango moído temperado moldado na forma de um mini-hambúrguer e acompanhado de gema de ovo caipira marinada no shoyu. Difícil não pedir repeteco. A carta de saquês e shochus é didática e caprichada. Entre os saquês, vale provar o seco japonês Hakushika Junmai Chokara (60 reais; 180 mililitros), que chega à mesa num recipiente de cerâmica com água e gelo para mantê-lo resfriado.
Rua Otávio Nébias, 203, Paraíso, tel.: (11) 3052-0029.

camarafria60# Câmara Fria
Mais de 20 anos depois da inauguração, em 1996, o célebre boteco Original, em Moema, voltou a ser notícia em grande estilo. No piso superior da casa foi inaugurado em novembro o primeiro speakeasy da cidade focado em chopes e cervejas artesanais, o Câmara Fria. No balcão de quinze lugares alinham-se dez torneiras de chope. A oferta de rótulos, porém, é um tanto engessada por amarras comerciais: nove dos dez chopes disponíveis são da Wäls, premiada cervejaria mineira comprada pela AmBev (que sempre foi grande parceira nos projetos da poderosíssima Companhia Tradicional de Comércio, dona também do Astor, Pirajá, ICI Brasserie, Bráz Pizzaria e Lanchonete da Cidade, entre outros) Por outro lado, é o único bar da cidade a oferecer regularmente os chopes da Wäls, como o pilsen X Wäls, o caramelado Wäls Dubbel e o parrudo imperial IPA Niobium. Uma coisa bacana é que todos os chopes podem ser pedidos também em copo americano de 150 mililitros (de 7 a 13 reais cada um), para provar. Na seção de petiscos, destacam-se as coxinhas que sobem de hora em hora do Original (12 reais; duas unidades) e as pizzas com a mesma massa da vizinha Bráz preparadas em tamanho brotinho (23 reais). Prove a de linguiça calabresa com mussarela e pimenta-biquinho.
Rua Graúna, 137, Moema (piso superior do Original), tel.: (11) 5093-9486.

RECREO9# Recreo
O imóvel onde funcionou o extinto asiático Satay ressurgiu com tudo em agosto. Foi convertido no bar-restaurante Recreo, vizinho e dos mesmos donos da fervilhante Brasserie des Arts. Concorrida desde a inauguração, esta nova casa dos Jardins repete a fórmula da casa-mãe. Tem ambiente classudo, música animada e menu etílico focado nos coquetéis — na medida para agradar ao público formado por gente solteira, produzida e bem de vida. Responsável pelos drinques do Brasserie, o competente Marcelo Serrano é quem assina a carta de coquetéis. Propôs ali receitas de pegada mais leve e refrescante, como o surya (33 reais), que leva vodca, néctar de melão orange, mix cítrico e tônica e é finalizado com canela em pau e tomilho. Também agrada o yuzu cocktail (33 reais), com vodca, licor de yuzu (fruta cítrica), açúcar, suco de limão, angostura e coroado por espuma de capim-santo.
Rua Padre João Manuel, 1249, Jardins, tel.: (11) 3068-0169.

botecoparamount# Boteco Paramount —
O MELHOR BOM & BARATO

O piauiense Netinho jura que não foi brincadeira com o nome do antigo emprego. Ex-bartender do Astor (na Vila Madalena), onde trabalhou por quase 12 anos, ele inaugurou em julho o autêntico botecão de coquetéis Paramount (Astor e Paramount, hoje extintos, foram dois dos mais tradicionais cinemas de São Paulo). “Queria fazer piada com a expressão ‘me serve um para-mão’, ou seja, uma dose de bebida, e acabou ficando Paramount”, diz. Numa portinha na Rua dos Pinheiros (próximo à Pedroso de Morais), a casa bem bem simples e sem nome na porta vive bombada graças aos coquetéis bem-feitos e de preços pra lá de camaradas. Um negroni (foto) com gim inglês Tanqueray, vermute Carpano Punt e Mes e Campari, por exemplo, custa 16,90 reais. O boulevardier, com Jack Daniel’s, sai por 22,90 reais; e o mojito, 13,90 reais. Vale provar também o refrescante gim tônica laranjinha (19,90), preparado com gim Tanqueray, geleia de laranja e três grãos de café; e o carolina (16,90), combinação de gim, purê de agrião e suco de limão-siciliano.
Rua dos Pinheiros, 1179, Pinheiros, tel.: (11) 3297-8185.

TEXTOS: Fabio Wright
CHECAGEM: Jennifer Detlinger

Jornalista paulistano, foi crítico de bares da revista Veja São Paulo durante dez anos (2003 a 2013) — período em que escreveu e foi jurado das edições anuais Comer e Beber. Antes, trabalhou como colunista do Estadão (de 1994 a 2001) e colaborou para o Jornal da Tarde e revista Época São Paulo. Em 2014, criou o Taste and Fly, onde publica semanalmente posts sobre os melhores bares e restaurantes de São Paulo além de dicas de viagem e bebidas.

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