Após início atribulado, Pipo acerta o passo das ótimas receitas do chef Felipe Bronze

Detentor de duas-estrelas Michelin pelo trabalho à frente do Oro, no Leblon, Felipe Bronze começou 2019 com um novo desafio. Emplacar seu primeiro restaurante paulistano. Não foi desta vez, porém, que o chef trouxe a São Paulo sua premiada casa carioca. Preferiu estrear por aqui com o Pipo, endereço de pegada mais informal e de preços mais atraentes que o Oro.

Curiosamente, o Pipo chega a SP com um estigma a superar. Bronze já tentou emplacá-lo duas vezes no Rio — primeiro na badalada Dias Ferreira, no Leblon, e por último no Fashion Mall, em São Conrado. Em ambas as oportunidades, ficaram badaladas por um tempo e depois fecharam.

Em São Paulo, a história dá sinais de que será outra. Tão logo abriu as portas em janeiro, o Pipo recebeu uma enxurrada de pedidos de reserva.

Se nas primeiras visitas o desempenho da cozinha oscilou, o restaurante mostrou estar agora muito mais afinado. Um de seus trunfos é a localização, num ponto cheio de charme nos fundos do Museu da Imagem e do Som (MIS), onde antes funcionava o extinto Chez MIS.

O espaço ressurge bem modificado, com visual mais alegre e moderno. A única decoração trazida da unidade carioca foram os kokedamas (arranjos orientais) de buganvília suspensos sobre as mesas do atraente terraço (foto).

O uso do calor do fogo, uma de suas marcas registradas de Felipe Bronze, aparece até em suas receitas frias. No menu moderninho, não perca o criativo ceviche de atum com melancia na brasa (43 reais; foto). A pedida agrada pelo contraste de texturas e é valorizada por um ótimo molho que leva vinagre de jerez e pimenta dedo-de-moça.

Outras entradas que merecem elogios são o steak tartare (44 reais) de gostinho defumado e tempero exemplar, servido com pão chamuscado na brasa; e os minisanchíches de ostra empanada (39 reais) e de barriga de porco com picles de abacaxi no brioche no vapor (36 reais; foto).

Dos pratos principais, tem sotaque espanhol o saboroso miniarroz socarrat (52 reais; foto) — aquele com crosta queimadinha no fundo da panela. A receita, que passa pelo forno a carvão Josper, vem incrementada com cubinhos de linguiça e quatro camarões (que estavam, porém, aquém da textura ideal). Vale provar também a lasanha de costela (45 reais; foto que abre o post), com molho de tomate defumado.

Uma criação surpreendente é o carbonara “desconstruído” (41 reais; foto), que traz massa de fabricação própria separada das demais atrações da receita — gema de ovo, fatias de pancetta e uma saborosa espuma de queijo artesanal.

Para a sobremesa, faz sucesso o enorme e lisinho pudim de leite (28 reais; foto) para compartilhar. Entre os drinques, uma pedida certeira é o gim-tônica com gim fluminense Amázzoni (35 reais), jabuticaba tostada e casca de limão-siciliano.

Pipo Restaurante
Avenida Europa, 158, Jardim Europa.
Telefone: (11) 3530-1760.
Fica nos fundos do MIS
Terça a sábado, 12h/23h;
Domingo, 12h/16h;
Fecha às segundas-feiras.
Reservas: pipo.meitre.com



HIGHLIGHTS
Pipo

Faixa de Preço: $$
Tipo de Cozinha: Variada

Jornalista paulistano, foi crítico de bares da revista Veja São Paulo durante dez anos (2003 a 2013) — período em que escreveu e foi jurado das edições anuais Comer e Beber. Antes, trabalhou como colunista do Estadão (de 1994 a 2001) e colaborou para o Jornal da Tarde e revista Época São Paulo. Em 2014, criou o Taste and Fly, onde publica semanalmente posts sobre os melhores bares e restaurantes de São Paulo além de dicas de viagem e bebidas.

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