Prêmio Taste and Fly: confira os 10 melhores bares inaugurados em São Paulo em 2018

Prazeroso (e tambem árduo) é o trabalho de visitar, avaliar e fotografar dezenas de bares ao longo do ano para apontar o que de melhor surgiu na temporada. Confira a seguir os vencedores da 4ª edição do prêmio TASTE AND FLY, que elege os 10 melhores bares inaugurados em São Paulo em 2018. Endereços abertos a partir da segunda quinzena de novembro concorrem só no ano seguinte. Todos os ganhadores receberão uma placa comemorativa.

# Fel
Aos pés do Edifício Copan, o pequenino bar aberto em janeiro entrou para o seleto time dos melhores endereços de coquetéis da cidade. De atmosfera cool e trilha sonora que vai de Roberto Carlos a Tom Waits, acomoda no máximo 25 clientes ao mesmo tempo. Vale a pena esperar vagar um dos 13 lugares do concorridíssimo balcão para beber confortavelmente. O lema da carta de drinques, executada por Michelly Rossi e sua equipe, é resgatar coquetéis que ficaram esquecidos na literatura etílica — sobretudo aqueles de boa potência alcoólica — e elaborá-los com bebidas de alto nível. Caso, por exemplo, do turf club (35 reais), datado de 1884. Seco e herbáceo, é preparado com o ótimo gim Plymouth mais vermute francês Dolin Dry, licores Luxardo e Pernod, bitters de laranja e angostura. Também sai redondinho das coqueteleiras o amadeirado vieux carré (45 reais), clássico de New Orleans que leva aqui bourbon Woodford Reserve, conhaque Martell V.S.O.P., vermute tinto Carpano Classico, licor Bénédictine, angostura e bitters Peychaud’s. Uma das receitas autorais de Michelly é o dandara (35 reais; foto), combinação de rum Bacardi 8 Anos, jerez manzanilla, amaro Averna, bitter de laranja e um lance de vinagre balsâmico. Foto do dandara: @botecodojb
Avenida Ipiranga, 200, loja 69 (Edifício Copan), centro, tel.: (11) 3237-2215.

# Perro Libre Pinheiros
Celebrada cervejaria cigana gaúcha, a Perro Libre fez em meados de julho sua maior investida em solo paulistano. A marca inaugurou em Pinheiros um delicioso tap room, curiosamente montado no térreo de uma torre residencial (mas com entrada independente). O ambiente transadinho apresenta como principal chamariz uma parede com 15 torneiras — nas quais se revezam chopes da Perro Libre e de cervejarias artesanais convidadas. Com um cartão pré-pago, o próprio cliente é quem se serve, podendo provar quantos mililitros quiser de cada um deles. Entre as pedidas estão a Perro Libre Neo Pils (4,50 reais cada 100 mililitros), german pilsener de amargor bem sutil. Quem prefere uma carga maior de lúpulo vai se deliciar com a american pale ale da marca (5,50 reais; 100 mililitros) e também com a surpreendente versão da Perro Libre Mocitra APA, com lúpulos mosaic e citra e também coco ralado e nibs de cacau na receita (6,70 reais; 100 mililitros). No menu de inspiração latino-americana, atente-se ao tentador sanduíche de lula grelhada, bacon em cubos, cebola caramelizada, alface e maionese de pimenta ají no pão de leite (39 reais).
Rua Cunha Gago, 83, Pinheiros, tel.: (11) 3562-8070.

# Sede 261
Inaugurado em janeiro num espaço do tamanho de uma garagem, o Sede 261 firmou-se como um pequeno grande bar de vinhos da cidade. A alma do lugar são as sommelières-proprietárias Daniela Bravin e Cassia Campos (foto). Elas garimpam rótulos em diversas frentes e servem no bar apenas garrafas que fogem do óbvio e passam pelo crivo da dupla. Aberto só três vezes por semana, o endereço tem atmosfera que lembra alguns bars à vin europeus. Todos os rótulos armazenados em nichos de concreto na parede podem ser pedidos em taça (a partir de 20 reais). O bacana é que são servidos em doses de 100 mililitros — permitindo provar pelo menos três vinhos diferentes numa única visita. Entre os rótulos que podem aparecer na rotativa seleção há sempre ótimas descobertas, como o untuoso sul-africano da uva branca chenin blanc Kloof Street 2017 e o tinto alemão Weingut Thörle Spätburgunder 2015 (spätburgunder é o nome em alemão da uva pinot noir). Procure também o argentino Proemio Reserve 2015, um 100% petit verdot orgânico de Mendoza com 12 meses de barricas de carvalho francês. As tardes de sábado costumam ser animadas, quando ostras de Santa Catarina (29 reais; meia dúzia) são servidas a partir das 14h. Mas fique atento com o horário de funcionamento incomum: o wine bar fecha cedo aos sábados, às 21h.
Rua Benjamim Egas, 261, Pinheiros, tel.: (11) 3819-0618.

# Cava Bar
Uma escada estreita de nove degraus, quase imperceptível na Rua Guarará, nos Jardins, leva a uma portinha subterrânea identificada com néon. Começa assim a experiência de conhecer este surpreendente bar de coquetéis da cidade. Com um viés de speakeasy, o Cava Bar ocupa o subsolo de um imóvel dos anos 30, com simpáticos e intimistas salões abaixo do nível da rua. Tente conseguir uma das seis banquetas do balcão para bebericar os drinques de Diego Almirante Carvalho (ex-La Central). A carta de coquetéis concentra-se nos clássicos que nunca saem de moda, como negroni (26 reais, com gim Tanqueray) e o ótimo hanky panky (28 reais; foto), elaborado com gim inglês, vermute tinto italiano e Fernet Branca. Vale continuar a jornada etílica pelo rabo-de-galo (26 reais), veterano dos botequins — aqui preparado com cachaça Claudionor, vermute tinto Carpano Classico e Cynar. Também agrada o gim pesto (26 reais). Cítrico e de boa acidez, combina gim, suco de limões taiti e siciliano e traz manjericão fresco, marcante no sabor. Improvisada atrás do balcão, a cozinha solta comidinhas que ajudam a manter a embriaguez a média distância. Numa das visitas foi possível provar o fettuccine feito na casa com molho de limão-siciliano (26 reais).
Rua Guarará, 565 (subsolo), Jardins. Não tem telefone de informações ao público.

# Vino!
De origem curitibana, a casa que já funcionou como uma trattoria no Itaim ressurgiu em março totalmente reconfigurada. Ocupa agora um imóvel em Pinheiros — o mesmo onde funcionou o extinto restaurante Miya — e ganhou formato de um animado wine bar. Um dos melhores lugares para se acomodar é no convidativo balcão de doze lugares. Ali, é possível conversar com os atendentes e saber detalhes das pelo menos 20 rotativas sugestões de vinhos em taça disponíveis por dia. A maioria dos rótulos é da Magnum, importadora do mesmo grupo da Vino!. Pode aparecer em doses de 150 mililitros tintos como o espanhol Rios de Tinta, (32 reais), ótimo tempranillo de Ribera del Duero, e o robusto chileno Viña Chocalan Gran Reserva Syrah (30 reais), com notas picantes. Uma boa ideia do menu são os minipratos (não tão mínis assim!), na medida para saciar a fome sem exagerar. Entre eles estão o correto espaguete à carbonara (27 reais) e o nhoque dourado na frigideira com ragu de costela (28 reais). Foi inaugurada uma segunda unidade da Vino!, dentro do hotel Maksoud Plaza.
Rua Fradique Coutinho, 47, Pinheiros, tel.: (11) 2614-0145.

# Astor JK
Célebre bar da Vila Madalena, o Astor ganhou depois de 17 anos sua primeira filial em São Paulo, no térreo do shopping JK Iguatemi. Ocupa um grandioso salão com quase 6 metros de pé-direito, com um dos maiores balcões de bar da cidade, com 14 metros de comprimento. Etilicamente falando, o Astor JK reúne no cardápio as duas especialidades do Astor e do SubAstor — o chope e os coquetéis, respectivamente. Quem cuida da execução dos drinques é Maurício Soares, que trabalhou três anos no “Sub”. Vale provar, por exemplo, a remolacha margarita (32 reais), equilibrada releitura do coquetel mexicano com tequila infusionada em beterraba mais limão-taiti e xarope de hibisco. Outra variação de clássico interessante, o aveludado astor daiquiri (32 reais) combina rum, limão-taiti, grapefruit, Cynar e xarope de coco com angostura. Como na Vila Madalena, o cardápio traz receitas à moda antiga que deram fama ao Astor, como os canapés mistos de salmão e steak tartar (33 reais), estrogonofe (53 reais), picadinho de filé-mignon (51 reais). Aos sábados, serve uma apetitosa e generosa feijoada (foto), de preço convidativo (55 reais, individual; e 95 reais, para dois).
Avenida Juscelino Kubitschek, 2041, Itaim Bibi, tel.: (11) 3152-6057.

# Cervejaria Central
No circuito Santa Cecília—Vila Buarque, onde se instalou um promissor núcleo de bares focados em chopes artesanais, a casa foi montada por dois fotógrafos que resolveram transformar o hobby de fazer cerveja em casa num negócio próprio. O endereço seduz pela atmosfera moderninha, pelos preços amigáveis e, claro, pela oferta de cervejas produzidas lá mesmo, que jorram das 14 torneiras. Em atitude simpática, os atendentes oferecem provas dos chopes disponíveis para quem estiver na dúvida de qual pedir. Entre as rotativas receitas próprias podem aparecer a sericoara (14 reais; 330 mililitros), cerveja de trigo com boa carga de lúpulo, e a central PPD (17 reais), aveludada milk stout com café (bem presente no sabor), baunilha e cacau. Torça para estar disponível a ótima 0997 Brut IPA (21 reais; foto). É seca, lupulada e seu corpo leve esconde a respeitável potência de 8,3% de álcool. No cardápio de comidinhas, destacam-se os sanduíches, como o de mix de cogumelos com cebola caramelizada (17 reais o pequeno), montado como uma focaccia num pão bem fofinho.
Rua Jesuíno Pascoal, 101, Vila Buarque, tel.: (11) 4179-7534.

# Kyokuto
De localização discreta (até demais!), o bar-restaurante é uma descoberta para quem aprecia petiscos de pegada oriental. À primeira vista, pode parecer um endereço qualquer, mas compensa a visita por pelo menos três aspectos: os preços obscenamente baratos, a comida de qualidade e o zelo do solícito proprietário Rafael Dala, que cuida dos pequenos detalhes e é um entusiasta das receitas japonesas e coreanas. Vale começar pelo tentador korean fried chicken (14 reais; 4 unidades). São drumetes de frango fritas lambuzadas de melaço de cana mais as ardidas pimentas coreanas gochujang e gochugaru. Dala e sua equipe também acertam a mão no kimchi bokkeumbap (25 reais; foto), arroz com kimchi e cubos de lombo suíno servido com ovo frito por cima, e no tonkatsu (14 reais), macia copa lombo empanada nas farinhas de trigo e panko. A casa serve ainda um curioso lámen coreano, o bulgogi ramyun (27 reais). Nele, macarrão, kimchi e contrafilé marinado em shoyu, purê de pera asiática e açúcar são servidos num rico caldo de costela e barriga de porco. Para acompanhar, prove a maltada pilsen coreana Kloud (14 reais).
Rua Cônego Eugênio Leite, 944-A, Pinheiros, tel.: (11) 3062-7853.

# Sylvester Bar
Criador dos bares Paramount e Majestic, o barman Netinho convocou um fera das coqueteleiras para inaugurar sua mais nova empreitada na cidade. O Sylvester Bar, inaugurado no início de julho em Pinheiros, tem como principal chamariz a presença atrás do balcão do competente, hospitaleiro e low profile bartender Rogério “Frajola”, que trabalhou por 16 anos nos bares SubAstor e Astor. Uma de suas boas criações etílicas é o vegetable negroni (26,90 reais). Nele, o vermute tinto Carpano Classico e o Campari ganham a companhia de tequila com infusão de beterraba. Faz bonito também o cítrico e equilibrado piocerá, combinação de gim inglês, suco fresco de caju, xarope de hibisco, suco de limão-taiti e o licor italiano de ervas Strega. Frajola também executa com precisão clássicos (25,90 cada uma) como martinez, old fashioned, boulevardier, negroni, sazerac, fitzgerald, sidecar e o ótimo hanky panky, arrebatadora combinação de gim, vermute tinto e Fernet Branca.
Rua Maria Carolina, 745, Pinheiros, tel.: (11) 3034-1268.

# Porto Luna
Bar que marcou época no Itaim, onde funcionou de 1997 até 2010, o Porto Luna ressuscitou em meados de agosto na Vila Olímpia, numa chamativa esquina de frente para a Avenida Faria Lima. Desde a inauguração, tornou-se um dos endereços-sensação no pedaço. A proximidade com os muitos escritórios da região faz suas superlativas e bonitas varandas — animadas por música eletrônica — bombarem já a partir da happy hour. Para comandar o balcão foi convocado o competente bartender Alexandre Arruda, que já trabalhou no SubAstor. Drinque mais pedido ali, o gim-tônica (35 reais, com gim Beefeater; 38 reais, com Beefeater 24) aparece em sete versões no cardápio. Uma das melhores é a que traz fatia de grapefruit e ramo de alecrim mais um toque de angostura com absinto.
Rua Ministro Jesuíno Cardoso, 291, Vila Olímpia, tel.: (11) 2533-7436.

Preços checados em novembro de 2018.

 

 

 

Jornalista paulistano, foi crítico de bares da revista Veja São Paulo durante dez anos (2003 a 2013) — período em que escreveu e foi jurado das edições anuais Comer e Beber. Antes, trabalhou como colunista do Estadão (de 1994 a 2001) e colaborou para o Jornal da Tarde e revista Época São Paulo. Em 2014, criou o Taste and Fly, onde publica semanalmente posts sobre os melhores bares e restaurantes de São Paulo além de dicas de viagem e bebidas.

Seja o primeiro a comentar