Prêmio Taste and Fly: confira os 10 melhores bares inaugurados em São Paulo em 2019

Depois de muitas visitas e revisitas, dezenas de drinques, vinhos, chopes e cervejas provados (e algumas ressacas, claro!), apresentamos a seguir nossa seleção de contemplados da 5ª edição do prêmio TASTE AND FLY, que elege os 10 melhores bares inaugurados em São Paulo em 2019. Todos os ganhadores receberão uma placa comemorativa. Tim-tim!

# Bar dos Arcos (@bardosarcos)
Depois de quase dois anos de espera, o empresário Facundo Guerra finalmente abriu seu aguardado bar no subterrâneo do Theatro Municipal. Com filas desde então, trata-se de um dos bares mais bonitos (e instagramáveis) de São Paulo. O quase labiríntico salão com arcos de pedra ganhou balcões translúcidos iluminados — a inspiração é o ficcional bar do hotel Overlook, do clássico O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick. Natural de Córdoba, a argentina Chula lidera a equipe de bartenders que prepara 16 coquetéis autorais (alguns, porém, de preços acima da média). Uma das boas pedidas tem nome de conto de fadas: o leão, a feiticeira e o guarda-roupa (47 reais). Seco e herbal, combina gim, vermute seco e dois licores, o francês Chartreuse Verde e o italiano Strega. Ainda melhor é o cuba (47 reais). Defumado, traz notas de fumaça de macieira em harmonia com uísque 12 anos e o dulçor e as especiarias dos xaropes de açúcar demerara e de masala. Há uma boa variedade de petiscos, como o sanduíche poboy (de lula e camarão; 43 reais).
Theatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/nº (subsolo), República, tel.: (11) 2039-1250.

# Nit (@nit_bardetapas)
Um dos sócios do Tanit, o chef catalão Oscar Bosch acertou na mosca ao montar em fevereiro, no imóvel vizinho ao restaurante, um dos bares mais bacanas da temporada. De atmosfera alto-astral, o Nit encanta por reproduzir com fidelidade o estilo dos bares espanhóis de tapas. Para diferenciá-lo do Tanit, Bosch criou um cardápio exclusivo, no qual brilham alguns clássicos ibéricos com toques autorais. A úmida tortilla de batata (37 reais), por exemplo, traz em seu interior cebola caramelizada. Não perca a ótima croqueta de rabada (19 reais; duas unidades), preparada ao bechamel (e por isso tão cremosa). Curiosamente, há logo na entrada do bar um “croquetômetro”, que computa o número de croquetas (foto) vendidas desde a inauguração (já foram quase 17 mil). Também imperdível é a costelinha suína marinada em chá preto chinês lapsang souchong (39 reais; duas unidades). Uma novidade do menu é o bikini de jamón ibérico (35 reais; quatro unidades), um amanteigado tostex no pão de miga que leva também mussarela de búfala e maionese trufada. Além de chope Estrella Galicia (15 reais), a oferta etílica contempla coquetéis como o refrescante gim tônica azafrán (34 reais), preparado com gim com infusão de cúrcuma e folhas de limoeiro.
Rua Oscar Freire, 153, Jardins, tel.: (11) 3539-9795.

# Bar do Cofre — SubAstor (@bardocofre)
O centro de São Paulo ganhou neste 2019 outro presentaço: o Bar do Cofre. Como o próprio nome entrega, o speakeasy tem localização curiosa, dentro do extinto cofre do Banespa, no subsolo do edifício Altino Arantes — hoje sede do concorrido centro cultural Farol Santander. Coube à turma do célebre SubAstor transformar o bunker num bar, que abriu as portas em fevereiro. São três ambientes: o principal, que exibe as duas portas originais de concreto e aço reforçado (com 16 toneladas cada uma); o lounge; e a sala com quase 2 mil gavetas de depósito individual, agora parte da incrível decoração. A carta, assinada por Fabio la Pietra, reúne vinte tentadores coquetéis (a partir de 28 reais). Vale provar o bacuri (37 reais), harmoniosa combinação de genever Boompjes, jerez fino, polpa de bacuri (fruta nativa da Amazônia) e bitter de laranja. Apreciadores de rum vão aprovar o sant’iago fashioned (36 reais), com rum envelhecido, Calvados, melaço de jerez e bitter de absinto. Na hora de petiscar, nem pense duas vezes e prove a ótima croqueta de palmito-pupunha recheada de queijo da Serra da Canastra e com toque de limão-siciliano (31 reais; 8 unidades).
Rua João Brícola, 24 (subsolo), centro, tel.: (11) 5555-0578.

# Periquita & Gin Club (@periquita.ginclub)
Inaugurado em fevereiro pela mesma turma dos célebres bares Sóshots & Gin Club e Vaca Véia, transformou-se prontamente num dos melhores bares de paquera na cidade. De atraente ambientação à meia-luz e com música ambiente animada, tem atraído um numeroso público sobretudo dos 35 anos para cima. Conceitualmente, o Periquita alinha-se com o Sóshots, ou seja, tem foco etílico nos gins-tônicas e funciona madrugada adentro. O drinque pode ser preparado com 50 gins e nove águas tônicas diferentes. Um dos mais caros é Monkey 47 (74 reais), gim alemão que leva na fórmula ervas nativas da Floresta Negra, na Alemanha. Tem preço mais atrativo os gins-tônicas com destilados nacionais, como o Amázzoni (34 reais), servido com folha de louro e pimenta-rosa, e o Beg (32 reais), que é incrementado com limão-siciliano, capim-limão e semente de cumaru ralada. Duas dicas para quem quiser investir um pouco mais: o néctar inglês Martin Miller’s (39 reais) e o ótimo holandês Bobby’s (59 reais). Na hora de petiscar, aposte no buraquinho quente (35 reais a porção) — saboroso sanduíche no minipão francês sem miolo recheado de ragu de cupim.
Rua Vitorio Fasano, 35, Jardins, tel.: (11) 3796-4636.

# Mapu (@mapurestaurante)
A Vila Mariana ganhou em agosto um inusitado e atraente endereço taiwanês. Depois de funcionar por dois anos como food truck, o Mapu instalou na Rua Áurea uma concorrida sede, com indisfarçável atmosfera de bar. Os idealizadores da casa são o simpático Duilio Biin Homg Lin e a mãe dele, Jasmine Chin Chih Chen, taiwanesa que foi chef do célebre Templo Zu Lai, em Cotia. Entre os petiscos à moda de Taiwan estão os tenros pedaços de frango empanados com farinha típica de batata-doce (25 reais) e o xian bing (16 reais; 2 unidades), um saboroso dumpling recheado de nirá. O Mapu prepara ainda bons baos (sanduíches no pão cozido no vapor), em tamanho maior que o convencional. Um dos melhores é o de pulled pork (carne de porco desfiada; 19 reais), incrementado com farofa de amendoim, conserva de mostarda e coentro. Os pratos principais também têm preços atraentes, a exemplo do arroz servido numa tigela coberto por pancetta refogada, ovo e picles de nabo (19 reais; foto). Um dos três noodles disponíveis, o niu rou mian (32 reais) leva um caldo bovino bem saboroso, com canela em destaque no aroma e no sabor. Completam a receita cubos de músculo bovino, acelga chinesa e tomate desidratado. A lista de bebidas inclui alguns gaseificados não-alcoólicos taiwaneses, a exemplo da Apple Sidra (9 reais), espécie de tubaína de maçã. Há também bons rótulos da cervejaria Tábuas, de Campinas, como a saborosa IPA Estaca (31 reais).
Rua Áurea, 307, Vila Mariana, tel.: (11) 5083-4778.

# Blue Note São Paulo (@bluenotesp)
Fundado em 1981 no Greenwich Village, em Nova York, o mítico clube de jazz inaugurou sua filial paulistana em fevereiro em endereço pra lá de especial. Instalou-se no segundo andar do Conjunto Nacional, um dos prédios mais emblemáticos da Avenida Paulista. Mesmo com mais de 300 lugares, a casa consegue reproduzir com fidelidade o clima intimista dos bares de jazz, com mesas juntinhas, luz difusa e pé-direito baixo. A programação, aliás, vai bem além do jazz e inclui nomes graúdos da MPB e da bossa nova e também do funk, soul e pop-rock. Vale a pena chegar mais cedo ao Blue Note por três motivos: 1) os lugares não são marcados; 2) a casa dispõe de uma deliciosa varanda com vista para Avenida Paulista; e 3) para aproveitar os coquetéis da equipe liderada por Derivan Ferreira de Souza (foto), o mais célebre dos nossos barmen da velha-guarda. Na visita realizada, dois drinques saíram com grande precisão detrás do balcão: o mojito com rum cubano Havana (33 reais) e também clássico vieux carré (42 reais), potente coquetel criado em New Orleans (EUA) que leva uísque, conhaque, vermute tinto, licor Bénédictine e bitters Peychaud’s.
Avenida Paulista, 2073, 2º andar (Conjunto Nacional), tel.: (11) 3179-0050.

# Izakaya Kuroda (@izakayakuroda)
Ainda que os puristas torçam o nariz, ganhou força na cidade neste 2019 um tipo de izakaya (boteco japonês) de ambiente mais sofisticado. Entre eles, destacou-se o Kuroda, que carrega no nome e no DNA a história de um cozinheiro bastante conhecido na comunidade oriental — o ex-lutador de sumô Fernando Kuroda (ex-Bueno). Aqui, ele reproduz com esmero receitas clássicas dos izakayas, como a língua bovina grelhada (29,80 reais). Também para abrir o apetite caem bem a raiz de bardana refogada (19,80 reais), os kushiyakis (espetinhos na brasa) e a okonomiyaki (52,80 reais), uma panqueca para partilhar de sabor quase indescritível para quantidade de ingredientes. Nas visitas realizadas, outro acerto foi o oniguiri de formato triangular temperado com ameixa japonesa e erva shissô (22,80 reais a dupla). Dica: fica ainda mais apetitoso depois de passar pela grelha. Quem não quiser só petiscar, pode apostar as fichas no tonkatsu karê (47,80 reais), lombo suíno empanado com farinhas panko e de rosca acompanhado de equilibrado molho curry.
Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 777, Itaim Bibi, tel.: (11) 3078-5220.

# Bodega La Barra (@bodegalabarra)
Criador de tantas casas italianas de sucesso, como Nino Cucina, Da Marino e Giulietta, o chef Rodolfo De Santis abriu em julho um adorável bar espanhol. Pequenino e charmoso, ocupa um dos sobrados da um tanto escondida Rua Carla, travessinha da Rua Pedroso Alvarenga, no Itaim. De Santis confiou o comando da cozinha ao argentino Julian Rigo (ex-Nino), seu sócio na empreitada. Na cozinha aberta para o salão à meia-luz são preparadas tapas clássicas e modernas, como a azeitona “líquida” (14 reais; duas unidades), inspirada na técnica molecular de Ferran Adrià. Sobram acertos no enxuto cardápio, como o polvo com azeite, batata e páprica (45 reais), a tenra lula recheada de sobrassada (38 reais) e a croqueta de rabada (28 reais; foto). Quem preferir fazer uma refeição pode pedir as ótimas bochechas de porco ibérico cozidas em fogo lento (69 reais). Para bebericar, há uma pequena oferta de vinhos e coquetéis como o negroni da casa (30 reais), que leva um toque de jerez — vinho fortificado espanhol da região de Jerez de la Frontera.
Rua Carla, 77, Itaim Bibi, tel.: (11) 3078-9104.

# Bar do Naga (@bardonaga)
Um dos destaques da nova geração de izakayas paulistanos, o Bar do Naga foi inaugurado em julho pelos mesmos donos dos concorridos Nagayama e Naga. Com música em volume animado e luz baixa, o endereço não esconde sua vocação notívaga nos horários de funcionamento — fica aberto até as 2 da manhã às terças e quartas e até as 4 da manhã de quinta-feira a sábado. Para comandar o convidativo balcão de dez lugares foi convocado o competente bartender Thiago Pereira. Ele montou a carta com doze instigantes drinques autorais (32 reais cada um). Entre eles está o cítrico e refrescante haru (foto), que reúne gim, suco de capim-santo, calda de abacaxi e soda artesanal de coco e gengibre. Outra escolha certeira é o complexo banzai. Com notas defumadas, combina bourbon com infusão de chá preto lapsang souchong, xarope de maple, calda cítrica de abacaxi mais cambuci e manjericão. A cozinha, aos cuidados do chef chinês An Qiang, é centrada sobretudo em robatas e petiscos orientais, como o ebi spicy (35 reais), tempurá de camarão acompanhado de maionese japonesa picante. Vale provar também o shoyu lámen (45 reais), a robata de minialmôndega de frango (14 reais) e a tenra costelinha suína ao molho tarê (15 reais).
Rua Bandeira Paulista, 392, Itaim Bibi. Não tem telefone de informações ao público.

# Marias e Clarices (@mariaseclaricesbeerpizza)
A bela canção O Bêbado e a Equilibrista, transformada num hino à anistia no fim da ditadura militar, empresta um de seus versos para batizar este bacana pizza-bar da Vila Madalena, inaugurado em dezembro de 2018 (e por isso concorrente ao prêmio somente em 2019). A Clarice da música é a viúva de Vladimir Herzog (1937-1975), assassinado nos porões do regime. A homenagem não é gratuita. Quem comanda a casa é Ivo Herzog, filho de Vladimir. Uma curiosidade: a massa da pizza, ao invés de água, leva diferentes tipos de chope na preparação. Dentre as dezenove sugestões de cobertura, uma das mais atrativas é a de burrata (59 reais, individual), com base de tomate e servida com cremosa peça do queijo maçaricada. Nas visitas anônimas realizadas, destacou-se também a cobertura de queijos artesanais mineiros (52 reais; foto), que combina queijos de três regiões de Minas — Serra da Canastra, Serro e Cerrado. Para acompanhar, não perca um dos cinco chopes fornecidos pelo bar Cervejaria Nacional, em Pinheiros. Dentre eles, sobressaem o Kurupira Red Ale (16 reais), com malte e caramelo em destaque no sabor, e o Mula IPA (18 reais), com lúpulos cítricos americanos na receita e 7,5% de teor alcoólico.
Rua Mourato Coelho, 1447, Vila Madalena, tel.: (11) 3819-3310.

PREÇOS CHECADOS EM DEZEMBRO DE 2019

Jornalista paulistano, foi crítico de bares da revista Veja São Paulo durante dez anos (2003 a 2013) — período em que escreveu e foi jurado das edições anuais Comer e Beber. Antes, trabalhou como colunista do Estadão (de 1994 a 2001) e colaborou para o Jornal da Tarde e revista Época São Paulo. Em 2014, criou o Taste and Fly, onde publica semanalmente posts sobre os melhores bares e restaurantes de São Paulo além de dicas de viagem e bebidas.

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