Prêmio Taste and Fly: confira os 10 melhores restaurantes inaugurados em SP em 2019

Pelo quinto ano consecutivo, o TASTE AND FLY apresenta sua lista das 10 melhores estreias gastronômicas do ano. Dois mil e dezenove foi um ano particularmente difícil de eleger os vencedores diante do quase infindável número de endereços inaugurados — certamente o maior nesta meia década do prêmio. Os restaurantes campeões foram visitados anonimamente pelo menos duas vezes e cada um deles receberá um certificado. Desfrute e compartilhe!

# Charco (@charcorestaurante)
Um dos restaurantes mais falados do ano, o Charco não poderia ter proposta mais interessante: aborda a influência sulista na cozinha brasileira em receitas autorais. Intimista e com atmosfera de taberna, foi inaugurado em janeiro por um casal gaúcho radicado em São Paulo: o jovem chef Tuca Mezzomo (ex-Nino Cucina) e sua mulher, a confeiteira Nathalia Gonçalves. Uma entradinha matadora é o cotechino (22 reais). O chef usa apenas o recheio deste saboroso embutido suíno, que é moldado sobre fatia de brioche. Outra boa surpresa são as lâminas fininhas de palmito-pupunha na brasa regadas por molho limone (de nata e limão-taiti) e finalizadas com ovas de tainha (49 reais). Uma caprichada ripa de costela bovina (39 reais) — que fica 12 horas no fogo com serragem de macieira — faz par perfeito com o creme de milho tostado (29 reais). Uma das novas apostas de Mezzomo é o imperdível porco preto (64 reais; foto), servido em ponto rosado com caldo de porco, quiabo grelhado e mostarda em folha e em grãos. Para adoçar, prove a ótima combinação de farofa de bolo cuca, maçã caramelizada com toque de canela e sorvete de caramelo (24 reais).
Rua Peixoto Gomide, 1492, Jardins, tel.: (11) 3063-0360.

# Pipo (@pipo_sp)
Detentor de duas-estrelas Michelin pelo trabalho à frente do Oro, no Leblon, o chef Felipe Bronze começou 2019 com um novo desafio: emplacar seu primeiro restaurante paulistano. Missão dada é missão cumprida e Bronze fez do Pipo um dos grandes sucessos gastronômicos desta temporada. Um dos trunfos da casa é a localização, num ponto cheio de charme nos fundos do Museu da Imagem e do Som (MIS), na Avenida Europa. Duas entradas que merecem elogios são o steak tartare (46 reais) de gostinho defumado e os minisanchíches de ostra empanada (40 reais). O menu, reformulado no início de dezembro, ganhou sugestões como o guioza de cogumelos (44 reais), a coxinha de frango na brasa (38 reais) e o pastel de queijo pardinho com banana (22 reais). O uso do calor da brasa, uma das marcas registradas de Felipe Bronze, norteia os pratos principais. Vale provar a suculenta costela bovina que fica horas e horas no fogo (86 reais). Outra pedida certeira é a ótima lasanha de costela (58 reais; foto), com molho de tomate defumado. Para a sobremesa, faz sucesso o enorme e lisinho pudim de leite (34 reais). Dica: a casa lançou um menu-degustação de 9 etapas (320 reais, para duas pessoas) em duas versões — para quem come carne e vegetariano.
Avenida Europa, 158, Jardim Europa. tel.: (11) 3530-1760.

# Mescla (@mescla_restaurante)
Dono também da Comedoria Gonzales, no Mercado Municipal de Pinheiros, o boliviano Checho Gonzales inaugurou em abril uma das melhores surpresas deste ano. De astral hipster e com mesas para compartilhar, o Mescla encanta pela simplicidade, pelo atendimento simpático e, claro, pelas receitas ricas em sabor e temperos latinos que saem da cozinha. Uma delícia para começar é o sirigueijo (26 reais), um refogado de siri e tomate engrossado com um pouco de queijo ralado que leva um toque de pimenta ají. Os pratos principais são sempre servidos no centro da mesa, em panelinhas fumegantes e com arroz branco à parte. Entre as sugestões figuram o peixe vermelho com camarão e coração de frango (71 reais) e o saboroso guisado de grão-de-bico (58 reais) incrementado com mexilhão graúdo, lula, camarão, paio e linguiça calabresa. A oferta etílica inclui chope de trigo Praya (13 reais), cervejas artesanais e drinques engarrafados. Há somente oito rótulos de vinho na carta. Quem preferir levar a própria garrafa, paga razoáveis 40 reais de rolha.
Rua Souza Lima, 307, Barra Funda, tel.: (11) 3661-1149.

# TonToni Trattoria (@tontoni.sp)
Depois de mostrar que entende do riscado nos 6 anos à frente do restaurante TonTon, o chef Gustavo Rozzino lançou em março uma inspirada novidade gastronômica. Ele transformou o sobrado da Alameda Joaquim Eugênio de Lima onde era a lanchonete Sandoui numa deliciosa trattoria. Pequenina, acolhedora e de ambientes recortados, a TonToni Trattoria reproduz com fidelidade a atmosfera informal deste tipo de endereço tão comum na Itália. Boas sugestões para iniciar a refeição são o antepasto composto de abobrinha e deliciosa caponata (33 reais) e as apetitosas azeitonas envoltas em pernil temperado e empanadas na farinha panko (27 reais). O melhor prato provado nas visitas anônimas realizadas foi o orecchiette alla marinara com polvo e camarão grelhados (79 reais; foto). A massa, de cozimento al dente, é valorizada por um esmerado molho de tomate cozido lentamente por 3 horas com pancetta artesanal, pimenta-calabresa e linguiça suína feita na casa. A carta de vinhos um tanto limitada é um ponto a melhorar. No almoço de terça a sexta, a casa prepara um vantajoso menu-executivo (entrada, prato e sobremesa) por 49 reais.
Alameda Joaquim Eugênio de Lima, 1537, Jardins, tel.: (11) 3051-4750.

# Giulietta Fogo & Vino (@giulietta.fogo)
Chef que não para de emplacar restaurantes na cidade desde que abriu o Nino Cucina, em 2015, o italiano Rodolfo De Santis acertou em cheio ao inaugurar em abril um charmoso endereço de carnes com pegada de speakeasy. Sim, o Giulietta Fogo & Vino lembra um speakeasy por ficar escondido nos fundos da Salumeria. Só quem se atreve a abrir uma porta de ferro sem qualquer identificação descobre que há um restaurante ali. Com uma bela cozinha aberta equipada com grelha a carvão, defumador e potentes fornos, a casa oferece receitas italianas centradas em cortes cheios de sabor e algumas apetitosas entradinhas, a exemplo da burrata de produção própria levada ao forno a lenha (38 reais). A lista de pratos principais inclui ossobuco de vitelo com tutano e risoto à milanesa (78 reais; foto), tagliolini ao ragu de rabada (60 reais) e uma inspirada costela bovina (89 reais) assada por 8 horas em baixa temperatura. Guarnecida de polenta cremosa, a peça chega à mesa desmanchando ao toque do garfo e recoberta por ótimo molho reduzido do próprio assado. Para acompanhar, há tintos a partir de 99 reais, como o italiano Vasari Montepulciano d’Abruzzo.
Rua Jerônimo da Veiga, 36, Itaim, tel.: (11) 3368-6863.

# Makoto (@makotobrasil)
Dentro do luxuosíssimo shopping Bal Harbour, em Miami Beach, o Makoto tornou-se um dos endereços queridinhos dos brasileiros que visitam Miami. Depois de abrir filiais no México e no Panamá, o simpático chef Makoto Okuwa trouxe, com sócios brasileiros, seu restaurante japonês para São Paulo. Decidiram instalá-lo no shopping Cidade Jardim, espécie de irmão siamês do Bal Harbour, também repleto das melhores grifes do mundo. A casa, felizmente, não atrai só pela badalação. A cozinha reproduz com maestria duas robatas que viraram receitas-assinatura do Makoto — os avocados na grelha ao molho ponzu (28 reais) e a couve-flor servida inteira com um ótimo molho cremoso de queijo feta, tofu, shissô e maionese japonesa kewpie (39 reais). As sugestões do sushi-bar contemplam pescados e frutos do mar nobres, como toro (atum gordo; 80 reais); atum bluefin (40 reais), centolla (49 reais), vieira canadense (35 reais) e enguia de água-doce (40 reais). A melhor sugestão provada entre os quentes foi o short rib yaki noodles (67 reais; foto). Servido numa tigela fumegante, traz macarrão oriental, costela bovina de gado wagyu desfiada mais cogumelos shiitake e shimeji num ótimo molho de tamarindo e gengibre, levemente picante. Fios de repolho-roxo cru finalizam a receita.
Shopping Cidade Jardim (piso térreo), tel.: (11) 3758-2565.

# Imakay (@imakaysaopaulo)
Um tanto escondido na pequenina Rua Urussuí, no Itaim, o elegante endereço projetou-se como um dos melhores nipo-peruanos da cidade. Cabem ao sushiman David Rodrigues e ao cozinheiro costa-riquenho Juan Pablo León mostrar um panorama desta tão interessante fusão das cozinhas peruana e japonesa. No extenso menu, dois pontos de partida que agradam são a degustação de ceviches (59 reais) e o tiradito terra y mar (44 reais), que leva atum, polvo, avocado, tempurá de milho e ótimo leche de tigre com creme de ají amarillo. Além dos sushis tradicionais, vale provar as chamadas versões nikkeis, oferecidas em duplas, como o graúdo niguiri de atum selado com salsa chalaca e ají panca (26 reais). A lista de pratos quentes também é tentadora e inclui o ótimo macarrão udon com frutos do mar, ovo mole e molho de curry verde artesanal que leva mais de 50 ingredientes (74 reais). Uma pedida de preço mais comedido é a chaufa isla casca (49 reais), arroz cheio de sabor salteado na wok com polvo, camarão, vieira, vegetais, ovo de gema mole e sour cream. Inaugurado em abril, o Imakay São Paulo é filial de um endereço nascido em 2015 em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Rua Urussuí, 330, Itaim Bibi, tel.: (11) 3078-7786.

# Banzeiro (@banzeirosp)
Dez anos depois de criar o Banzeiro — o mais premiado restaurante de Manaus —, o chef Felipe Schaedler resolveu apostar numa filial paulistana da casa, no Itaim. Numa logística trabalhosa, algumas matérias-primas frescas são trazidas diretamente de lá, caso dos três dos principais peixes de água-doce da fauna aquática amazônica — matrinxã (129 reais; para duas pessoas), pirarucu e tambaqui. Uma das entradas mais instigantes são as formigas saúvas (18 reais) apresentadas sobre espuma fria de mandioquinha. Também boas pedidas para abrir o apetite são a sardinha de rio frita (13 reais) e as interessantes lâminas de pirarucu curadas no missô (38 reais), servidas com a típica farinha de mandioca de Uarini — redondinha e mais dura. Os maiores acertos estão nos pratos individuais, a exemplo da coxa e sobrecoxa de pato regada no momento que chega à mesa por um rico caldo de tucupi (65 reais; foto). Também fez bonito a ventrecha de pirarucu (67 reais). Nele, a posta extraída do ventre do peixe chega com purê de banana-da-terra, num contraste doce-salgado. Para arrematar a visita, há sorvetes de sabores como cumaru, açaí, tapioca e cupuaçu.
Rua Tabapuã, 830, Itaim Bibi, tel.: (11) 2501-4777.

# A Baianeira — MASP (@abaianeira)
Uma das chefs da nova safra para se prestar atenção, a mineira Manuelle Ferraz nasceu em Almenara, no Vale do Jequitinhonha, pertinho da divisa com a Bahia. Daí chama-se A Baianeira (mistura de baiana com mineira) o simpático restaurante de almoço aberto por ela no ano passado num bucólico sobradinho na Barra Funda. Agora, em merecida projeção, o A Baianeira ganhou uma filial no subsolo de um dos principais cartões-postais de São Paulo, o MASP, na Avenida Paulista. O cardápio reúne acolhedoras receitas, como o tentador pão de queijo com carne de panela desfiada e ovo frito de gema mole (16 reais). Mais trivial de segunda a sexta, o menu ganha sugestões mais elaboradas nos fins de semana e nos feriados. Nestes dias, é possível provar as lâminas de peixe branco mergulhadas num surpreendente creme de banana-da-terra e maracujá (32 reais). Também entra no menu o ótimo baião-de-dois “sirizado” (52 reais; foto), valorizado por um molho de moqueca de siri com presença discreta de dendê e leite-de-coco. Tão bom quanto é o belo stinco suíno (58 reais), cozido por horas em baixa temperatura. Chega à mesa com mandioca bem cozida, quase desmanchando, e bastante coentro.
Avenida Paulista, 1578 (2º subsolo), tel.: (11) 3266-6864.

# Cepa (@restaurante.cepa)
Com astral descolado e receitas autorais, o endereço inaugurado em março deu novo sopro de vitalidade à gastronomia da Zona Leste. Por trás da empreitada está o casal Lucas Dante e Gabrielli Fleming — ele, chef; ela, sommelière —, que já trabalhou em endereços bacanas como Pettirosso e Hospedaria. A dupla preferiu fugir do circuito gastronômico mais óbvio de São Paulo e escolheu o Tatuapé, onde moram, para instalar o moderninho Cepa. Uma das tentadoras entradas bebe na fonte do clássico molho à carbonara. Nela, duas torradas de pão de fermentação natural vêm cobertas por cogumelos, emulsão da gema de ovo e queijo curado mais pancetta crocante (24 reais). Também agradam as graúdas fatias cruas de olhete num saboroso molho ponzu com toque de raiz-forte (36 reais). São apenas quatro pratos principais, que podem mudar de acordo com os melhores ingredientes do dia. Vale dar atenção a barriga de leitão de cocção em baixa temperatura (54 reais) servida com purê de mandioca e molho demi-glace com toque discreto de menta. Outra pedida certeira, o bife ancho (64 reais; foto) tem ponto impecável — rosado sem ser gelatinoso. Ganha a companhia de feijão-branco ao jerez e farofa de pão. Dica: de quarta-feira a sábado, no jantar, é possível fazer um menu-degustação de seis tempos por 120 reais.
Rua Antônio Camardo, 895, Tatuapé, tel.: (11) 2096-0687.

PREÇOS CHECADOS EM DEZEMBRO DE 2019

Jornalista paulistano, foi crítico de bares da revista Veja São Paulo durante dez anos (2003 a 2013) — período em que escreveu e foi jurado das edições anuais Comer e Beber. Antes, trabalhou como colunista do Estadão (de 1994 a 2001) e colaborou para o Jornal da Tarde e revista Época São Paulo. Em 2014, criou o Taste and Fly, onde publica semanalmente posts sobre os melhores bares e restaurantes de São Paulo além de dicas de viagem e bebidas.

Seja o primeiro a comentar