Receitas mineiras de viés contemporâneo são o trunfo do Benza, do MasterChef Pablo Oazen

Não deixa de ser curioso que mesmo com tantas edições já realizadas do programa MasterChef — exibido no Brasil pela TV Bandeirantes desde 2014 —, foram pouquíssimos os participantes que saíram de lá e conseguiram se destacar na profissão ou abrir o próprio negócio.

Mais um que se coloca à prova do público depois de passar pelo crivo dos jurados Jacquin, Paola e Fogaça é o mineiro Pablo Oazen (foto), vencedor da 2ª edição do MasterChef Profissionais, em 2017.

Criador do Garagem Gastrobar, em Juiz de Fora (MG) — casa que irá transformar no italiano Crostino —, Oazen estreou no competitivo mercado paulistano com o promissor Benza, no Baixo Pinheiros.

Inaugurada em dezembro, a casa ocupa o sobrado onde funcionou o extinto francês Oui, na Rua Costa Carvalho. Ali, Oazen exibe a mesma veia criativa do programa em receitas mineiras de pegada contemporânea.

Coadjuvante na maioria dos restaurantes, o couvert (34 reais) mereceu atenção especial. Reúne delícias como pão de queijo da Serra da Canastra (MG), biscoito de polvilho, catupiry caseiro e gema mantecata— gema de ovo caipira cozida em baixa temperatura.

Sua sortida seleção de entradinhas para compartilhar, pratos principais fartos e sobremesas revela gosto por experimentações. Aos fãs de quiabo não convém perder a versão do vegetal tostado na frigideira com espuma de vatapá e farofinha de milho misturada com microcamarão aviú (22 reais; foto).

Outra entrada apetitosa são as delicadas empadinhas abertas recheadas de ovas negras de mujol, queijo minas cremoso e ovo de codorna frito (38 reais; 4 unidades; foto). A casa faz também uma versão do katsu sando, clássico sanduíche dos botecos japoneses. Chamado aqui de tostex de rabada (32 reais), é montado num pão de forma doce e servido com molho de cerveja preta, cebola caramelizada e maionese de agrião.

Os pratos principais também fogem da obviedade, com exceção do pato com macarrão (maltagliate), que destoa do arrojado cardápio. Uma interessante pedida é a macia língua em corte alto (82 reais) feita na panela de pressão e glaceada com um denso molho de alho-negro. Completam a receita purê da fruta pupunha (nativa da região amazônica), palmito-pupunha grelhado e molho do caldo reduzido da língua.

Outra escolha certeira é o porco à alentejana (69 reais; foto). Traz copa-lombo cozida em baixa temperatura e depois selada no azeite num saboroso caldo de vôngole e porco temperado com coentro. Acompanha mandioquinha, batata-doce roxa e nabo cozidos e, por cima, uma tuille (aquele biscoitinho fininho em forma de telha).

A sobremesa mais célebre da casa, que marcou a trajetória do chef no programa, chama-se A Goiaba (32 reais; foto).

A apresentação faz lembrar uma fruta in natura, mas na verdade trata-se de um sorbet de goiaba recheado de goiabada com gergelim envolto numa casquinha de chocolate branco. Acompanha catupiry caseiro, lascas de queijo da Serra da Canastra (MG) e crumble de castanha-do-pará.

Benza (@benza.restaurante)
Rua Costa Carvalho, 72, Pinheiros, tel.: (11) 3032-7759.
Terça a sexta, 12h/15h e 19h/23h30;
Sábado, 12h30/16h30 e 19h/0h;
Domingo, 12h30/16h30;
Fecha às segundas-feiras.

Fotos do chef e do tostex de rabada: Rubens Kato/Divulgação.



HIGHLIGHTS
Benza

Faixa de Preço: $$
Tipo de Cozinha: Variada

Jornalista paulistano, foi crítico de bares da revista Veja São Paulo durante dez anos (2003 a 2013) — período em que escreveu e foi jurado das edições anuais Comer e Beber. Antes, trabalhou como colunista do Estadão (de 1994 a 2001) e colaborou para o Jornal da Tarde e revista Época São Paulo. Em 2014, criou o Taste and Fly, onde publica semanalmente posts sobre os melhores bares e restaurantes de São Paulo além de dicas de viagem e bebidas.

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